Ele poderia seguir carreira acadêmica e descobrir um composto que diminuísse os danos ao ambiente e, assim, deixar sua contribuição à humanidade. Mas quando Marçal Paim da Rocha se formou em Química Industrial na UFSM, ele tinha pressa em influenciar positivamente a cidade, por isso, decidiu ser empreendedor.
Em vez de abandonar os estudos, focou as pós-graduações e se tornou até consultor do Sebrae. E o empreendimento, a prestadora de serviços Químea, tem ajudado outras empresas a se tornarem referência em gestão ambiental.
A empresa nasceu há 10 anos, entre três sócios, que trabalhavam com análise e tratamento de água. Quando Rocha ficou sozinho, decidiu dar um caráter inovador ao negócio. Um dos passos foi levá-lo para a Incubadora Tecnológica. E os outros passos só foram dados porque ele acreditou no que, na época, era considerado uma utopia: preservar o meio ambiente pode dar lucro.
- Além disso ser considerado um sonho, há 10 anos, muito pouco era cobrado de licenças ambientais. Hoje, são muitas exigências. Eu ouvia, no mestrado, que "daqui a 5 anos, todas as empresas precisarão ter licenciamento". Acreditei nisso e deu certo, virou realidade e um nicho de mercado - diz Rocha, que fez mestrado em Engenharia de Produção, na área de gestão ambiental, cursou a graduação em Administração de Empresas e um MBA em Gestão Empresarial.
No projeto que garantiu a seleção para a incubadora, estava o Voccie, site que, na forma de uma rede social, reúne pessoas que estudam ou trabalham com o meio ambiente. Já são mais de 5 mil pessoas cadastradas na que é considerada a primeira rede social sustentável do país.
Diversificação de atividades
A empresa cresceu e se diversificou. Hoje, a Químea se divide em três: Água, Ambiental e Controle de Pragas. Além disso, Rocha tem ainda outras duas empresas: a Vexell, que faz tintas industriais e a Opss Comunicação Sustentável. O rol de atividades é amplo, e a sustentabilidade é transversal, com a premissa da racionalização dos usos e da destinação correta dos resíduos.
- Primeiro, ninguém pensava nisso. Depois, vieram os radicais. Hoje, a questão está mais madura, nem um extremo, nem outro. A gente faz a logística reversa das embalagens das tintas, cuida da destinação dos resíduos e acaba sugerindo processos mais sustentáveis às empresas.
Rocha dá um exemplo: uma fábrica de móveis contratou a Químea para cumprir a lei ao destinar restos de madeira e MDF. Durante o trabalho, surgiu a ideia de fazer suportes para vinho com restos de MDF, para dar de brinde a clientes. A empresa foi além e fabricou brinquedos educativos para doar a escolas. O lixo, que custaria dinheiro para ir para um aterro, teve um novo destino.
Novidades pela frente
Desde o começo da trajetória como empresário, conselhos contraditórios e os riscos inerentes ao empreendedorismo faziam frente às ideias e sonhos. Mas Marçal Paim Rocha tinha algo que o motivava a seguir empreendendo e inovando:
- Existe o empreendedor que busca apenas o resultado financeiro da sua atividade. E existe aquele que quer deixar um legado, mudar uma realidade. Eu me enquadro nesse segundo tipo. Continuo querendo fazer algo que impacte Santa Maria.
O legado que Rocha quer deixar é trabalhar a sustentabilidade e buscar inovação como uma forma de atuar. Os resultados, que não eram o objetivo principal, vieram para a Químea e para as parceiras:
- Várias empresas nos chamaram para atender a uma licença ambiental. Foram acolhendo nossas ideias de fazer um pouco mais e receberam prêmios nacionais, reconhecendo seus processos sustentáveis, como o uso racional da água, redução dos gastos com matéria-prima e o reaproveitamento dos que antes era considerado lixo.
Longe de estar satisfeito com o que vem fazendo, Rocha promete novidades para "